Fazer
bazar, cantina ou ter livraria na igreja é uma prática moderna que se deve a
alguns fatores. Entre eles, está a departamentalização da igreja, ou seja, a
igreja é dividida em departamentos e esses departamentos trabalham para
angariar fundos tanto para alguma atividade entre eles ou para ajudar a igreja
em alguma atividade/evento. Mas será que isto é pecado?
Muitos
utilizam a passagem bíblica de Jesus expulsando os mercadores do templo (Jo
2.13-18) para dizer que não é lícito ter bazar, cantina e livraria na igreja.
Mas vamos ver qual a interpretação correta desta passagem?

Nos
tempos de Cristo, era comum mercadores dentro do templo com a finalidade de
“facilitar” o acesso aos objetos que eram usados pelas pessoas que iam adorar.
Animais que iam ser usados em sacrifício (Mc 11.15), dentre outros objetos de
culto. E o que Cristo falou, e como Ele reagiu sobre isso? “E vieram a
Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e
compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que
vendiam pombas. E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo. E os
ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as
nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.”
(Marcos
11.15-17).
Em João 2.13-18 é outro texto
que trata deste assunto. Note no v.14 há presença de animais. Deus havia
ordenado ao povo que trouxessem um animal sem defeito (Levítico 1.3,10). A
ideia era que o povo devia por amor trazer o seu melhor para o Senhor. O
sacrifício ainda envolvia a morte de um animal inocente no lugar do pecador
para que ele pudesse receber o perdão do seu pecado. Porém, os sacerdotes nos
dias de Jesus haviam nisto encontrado um meio de ganhar dinheiro. O sacerdote
examinava o animal trazido pelo ofertante, encontrava (ou melhor inventava) algum
defeito. A conversa deveria ir algo mais ou menos assim:
— Sacerdote: Seu cordeirinho tem este
defeito. Você não pode ofertar ao Senhor um animal defeituoso.
— Ofertante: Eu moro daqui há uns 30 quilômetros.
Que é que eu faço?
— Sacerdote: Eu posso lhe ajudar. Aqui
nós temos alguns animais perfeitos para ajudar pessoas como você.
— Ofertante: Quanto custa?
— Sacerdote: Eu vou lhe fazer um bom
negócio. Você me dá a sua ovelha e o preço de mais duas ovelhas!
— Ofertante: Isto é muito caro!
— Sacerdote: Nada disto! Lembre-se
este é um animal perfeito. Vale muito mais do que a sua ovelhinha defeituosa.
O ofertante sabia que não adiantava
ir buscar outra ovelha. Aquela que ele levou seria a próxima que o sacerdote
venderia por aquele preço exorbitante! Os sacerdotes na sua ganância haviam
obrigado o povo a comprar caro o animal para o sacrifício que Deus exigia do
pecador! Então o que o Senhor está condenando é a ganância dos sacerdotes
explorando o povo, vendendo caro algo que as pessoas precisavam para ofertar o
seu sacrifício. Claro que com isto atrapalhava a adoração e oração. Hoje há o
mesmo perigo!
Jesus estava irado porque os
vendedores estavam aproveitando o povo para enriquecerem. O motivo deles foi o
maior problema. Pois Os cambistas do templo nessa passagem estavam vendendo animais
para sacrifício. Eles estavam “vendendo adoração e perdão”. Naquela
época o pecador tinha que vir lá da sua tribo até o templo para entregar um
animal perfeito como sacrifício para que seus pecados fossem perdoados. Eles
vendiam a facilidade para os deveres espirituais dos outros.
Jesus quando diz: “E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha
casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito
covil de ladrões.
” está falando para aqueles que VENDIAM
ATALHOS
para os sacrifícios espirituais do povo. Isso acontece nas igrejas
VENDEM AQUILO QUE É DE GRAÇA. Que fazem comércio com coisas espirituais.
Condicionam a bênção de Deus mediante a pagamentos. Mas geralmente não com
bazar, cantina ou livraria.
A Bíblia diz que “João respondia:
Quem tem duas túnicas dá uma a quem não tem nenhuma; e quem tem comida faça o
mesmo.” (Lucas 3.11). A ideia de doar roupas é muito boa e é importante que a
igreja desenvolva sua responsabilidade social, mas ela deve ser inserida na
ação social da igreja (assim como alimentos, etc). Os bazares, por outro lado,
não fazem parte da ação social da igreja. Venda de roupas, livros, etc são para
ajudar em alguma atividade/evento/reforma da igreja. Por exemplo, se há uma
conferência na igreja, é preciso tratar de logística como convidar um pastor,
lembranças, camisas etc. E tudo isto tem gasto. Se a igreja decide tirar tudo
do caixa arrecadado pelos dízimos e ofertas, ela pode prejudicar alguns
compromissos financeiros. Daí o benefício de renda extra através dos bazares ou
outro tipo de atividade. Porque a igreja também pode ter um bazar para investir
em melhorias no orfanato da sua comunidade, crianças para comer, custear
materiais didáticos, energia do prédio onde funciona a escola e afins…
Não há nada diretamente na Bíblia
sobre bazares e vendas em cantina ou na livraria, porque esta é uma prática
moderna, mas é possível trabalhar princípios para que não seja uma prática que
corrompa a igreja. Por exemplo, não se pode fazer da casa de Deus um comércio
(Jo 2.16). É importante não fazer vendas durante o culto, porque o culto é
momento de adoração pública e vender durante tira o foco completamente do culto
a Deus.
Concluindo: É importante que os
bazares, cantinas e a livraria não substituam os dízimos e ofertas. O objetivo
de renda extra é válido quando preciso, mas substituir as ofertas voluntárias e
os dízimos tirariam o princípio de generosidade e de manutenção voluntária.
Para resumir, a doação é parte da ação social da igreja e deve ser incentivada.
Os bazares são atividades que podem ser usadas para arrecadar fundos para
realização de alguma atividade/evento na igreja. E para ser algo mais puro, o
conselho é que se faça o bazar fora da congregação, e então o valor seja doado
para a igreja. Que alguém se torne responsável, busque um espaço ou ceda sua
própria residência, e então leve a oferta alcançada para o templo. Já a cantina
e a livraria podem se fazer no espaço fora da congregação (estacionamento, etc),
mas fora do momento de culto. E sem preço abusivo.
Esse tema é polêmico, o que vocês acham
deste artigo?
Concorda ou Discorda com o que foi apresentado?
Meu e-mail: abileneleite96@gmail.com

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4 thoughts on “Fazer bazar, cantina e livraria na igreja é pecado?”
  1. Faço empadas e ponho na cantina da minha igreja para vender e assim levantar uma ajuda na obra do Senhor, é hoje fui abordada por uma irmã me dizendo que é errado vender na igreja ou seja ,cantina era errado,fiquei muito triste com o que ela me disse,ela usou essa passagem da bíblia para mim,eu argumentei que a venda era para a obra do Senhor e ainda sim ela insistiu em falar que era errado e que Deus iria cobrar dos que vendem e dos que compram,lendo aqui seu artigo,confortou meu coração,pois Deus sabe que faço por amor a obra.

  2. Mto bom; porém na minha igreja fazem bazar direto direto; e quase nunca é realmente causa nobre, e sim pra mtas festas na igreja que observo que só serve pra inflar o ego humano. Sem falar uma vez que pediram roupa pra doar pro lugar carente e na realidade fizeram foi colocar essas roupas no bazar, os que doaram viram o ABSURDO, pede pra uma coisa é fazem outra.

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