Ao chegar nos meados de junho, muitos cristãos começam a se questionar a respeito da festa junina (julina e agostina).
Essa época do ano é marcada por comidas típicas, músicas e danças, além de elementos que podem causar dúvidas para quem segue a fé em Jesus.
Será que devo como cristão participar de festa junina? Será que a origem e o significado desta festividade entram em conflito com a minha fé?
Calma! Neste artigo vamos refletir juntos sobre o que a Bíblia diz a respeito desta festa típica do ano e esclarecer como os cristãos devem lidar com o assunto. Vamos lá?
O significado da festa junina
Para saber se o cristão participar de festa junina, precisamos entender sobre a festa que conhecemos hoje.
A festa junina teve suas origens na Europa, durante o solstício de verão. Nessa época, celebrava-se o início das colheitas, com fartura de comidas e bebidas.
E uma das deusas homenageadas nesta festa era Juno, que de acordo com a mitologia romana, era esposa de Júpiter. Assim, a festa recebeu o nome de “junônias”.
Quando o Catolicismo começou a ganhar mais força na Europa, a Igreja Católica resolveu “cristianizar” a data, que coincidia com o nascimento de João Batista, primo de Jesus.
Logo, o catolicismo canonizou João Batista (reconhecer e declarar como santo), o que lhe deu o título de “São João” e a festa passou a ser chamada de “joanina”.
Além de São João, a festa também homenageia outros dois santos católicos: Santo Antônio, conhecido como o “santo casamenteiro”, e São Pedro, que é o apóstolo Pedro registrado na Bíblia.
É importante lembrar que os dias consagrados aos santos são aqueles em que eles faleceram, sendo Santo Antônio dia 13 de junho e São Pedro dia 29 de junho. No caso de São João, a data consagrada é a do seu nascimento, em 24 de junho.
A mudança do nome “joanina” para “junina” não tem uma causa totalmente definida. Alguns acreditam que se deu com o tempo, enquanto outros associam ao mês de junho, quando a festa é comemorada.
A tradição da festa junina foi trazida para o Brasil pelos portugueses durante o período colonial. Coincidentemente, os povos indígenas que aqui habitavam já realizavam rituais na mesma época para celebrar a agricultura.
Assim, as festas se juntaram e os pratos típicos começaram a utilizar alimentos próprios da região, como o milho e a mandioca.
Cada elemento utilizado nas festas juninas possui um significado:
- Balão: Utilizado para anunciar o início da festa e levar os pedidos para os santos.
- Fogueira: Simboliza a proteção contra os maus espíritos que atrapalham a prosperidade das plantações. Quando as pessoas se reúnem em volta da fogueira nesta festa é para agradecer pelas fartas colheitas que tem recebido. Cada santo tem uma fogueira diferente: quadrada para Santo Antônio, redonda para São João e triangular para São Pedro.
- Quadrilha: Uma maneira de agradecimento aos santos pelas boas colheitas.
- Bandeiras: Simbolizam os três santos homenageados, tornando-se uma maneira de serem admirados durante a festa. As bandeiras passam por um ritual chamado “a lavagem dos santos” que é um momento em que as bandeirinhas são mergulhadas na água para trazer purificação.
- Comidas típicas: Expressam gratidão pela fartura nas colheitas, especialmente do milho.
O que a Bíblia diz sobre o cristão participar de festa junina?
Algumas pessoas falam que a festa junina se trata de uma celebração cristã, visto que a festividade está associada a alguns personagens bíblicos.
Entretanto, discordo desse pensamento e digo que não convém o cristão participar de festa junina, apresentando alguns argumentos da Bíblia.
Primeiramente, a festa junina está ligada a homenagem aos santos e é algo que não está de acordo com a Bíblia.
A canonização que o Catolicismo ensina não tem respaldo bíblico, já que as Escrituras dizem que não existem santos mediadores que intercedam por nós (1 Tm 2.5).
Outro ponto importante é a questão da idolatria presente na festa junina, já que a veneração dos santos configura-se nesta tal prática condenada pela Bíblia em diversos versículos dizendo para não cultuarmos outros deuses (Ex 20.3-5).
Vale considerar também o que o apóstolo Paulo fala sobre a participação dos cristãos em refeições feitas no ambiente de rituais pagãos em 1 Coríntios 10.14-22.
Ele adverte dizendo que os cristãos não devem compactuar com tais coisas, pois está associado a sacrifícios oferecidos a demônios.
Dessa maneira, não convém ao cristão participar de festa junina por causa de tudo o que essa festa e seus elementos remetem.
Além disso, ao ingerir alimentos no contexto de festa junina, você estará consumindo alimentos oferecidos a ídolos e estará ignorando a sua comunhão com Deus.
“O que estou dizendo é que aqueles que oferecem alimentos a esses ídolos estão unidos no sacrifício aos demônios, e não a Deus, certamente. Não desejo que nenhum de vocês seja participante com os demônios ao comer, junto com os pagãos, da mesma comida que foi oferecida aos ídolos.” (1 Coríntios 10.20)
“E vocês não podem estar em dois caminhos, participando do banquete do Senhor num dia e festejando com demônios no outro. O Senhor não suporta isso! Ele nos quer por inteiro — é tudo ou nada!” (1 Coríntios 10.21)
Festa do Milho ou Arraiá Gospel, pode ou não?
Muitas igrejas, na tentativa de oferecer uma alternativa “cristã” à festa junina tradicional, promovem eventos com nomes como “Festa do Milho”, “Festa da Roça” ou “Arraiá Gospel”.
A ideia por trás disso é substituir a temática dos “santos” e as simpatias por músicas cristãs, gincanas e alimentos típicos, mas mantendo a ambientação e as vestimentas caipiras. No entanto, surge a questão: essa adaptação torna a celebração aceitável para o cristão?
Ao participar de um “arraiá gospel”, ainda que sem as referências diretas a “santos”, o cristão está, de certa forma, validando e perpetuando uma forma de celebração que tem origens e conotações espirituais opostas aos princípios bíblicos.
A Bíblia nos exorta a não nos conformarmos com o mundo e a nos afastarmos de toda a aparência do mal (Romanos 12.2; 1 Tessalonicenses 5.22).
Mesmo que a intenção seja boa, imitar algo do mundo pode gerar confusão e comprometer o testemunho cristão.
Assim, ao considerar se um cristão pode participar de festa junina mesmo em sua versão adaptada, como “Festa da Roça” ou “Festa do Milho”, é fundamental ponderar se a imitação de uma festa com origens problemáticas é realmente a melhor forma de glorificar a Deus.
Afinal, a nossa liberdade em Cristo não deve ser uma licença para nos aproximarmos daquilo que pode nos desviar ou escandalizar outros irmãos na fé.
Lembre-se: “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 João 2.15).
Meus filhos podem participar da festa junina na escola?
Essa é uma pergunta muito comum e que gera bastante debate entre pais cristãos. Em meio à inocência das brincadeiras, comidas típicas e danças folclóricas, surge a dúvida: será que a festa junina na escola se alinha aos princípios da fé cristã?
Para responder a isso, é importante entender que, apesar de muitas escolas apresentarem a festa junina como uma celebração cultural, as raízes e a essência dessa festividade são, sim, religiosas e pagãs.
As festas juninas são dedicadas sim a “santos” da Igreja Católica e suas origens remontam a rituais pagãos de celebração da colheita e do solstício de verão, que envolviam fogueiras e práticas idolátricas.
Mesmo em um ambiente escolar, onde o foco parece ser a diversão e a integração social, a participação das crianças, ainda que indireta, as expõe a elementos que remetem a essa origem.
Dançar quadrilha, por exemplo, é uma forma de celebrar a festa e, consequentemente, aquilo que ela representa.
Vestir-se a caráter ou simplesmente estar presente nesse tipo de evento pode, de certa forma, legitimar a prática para a criança, borrando as linhas entre o que é aceitável e o que não é dentro da fé cristã.
É fundamental que os pais cristãos ensinem sobre discernimento, sobre a importância de não se conformar com as práticas do mundo e de honrar a Deus em todas as escolhas.
No que diz respeito a um cristão participar de festa junina escolar, a decisão de abrir mão dessa participação pode ser uma oportunidade para reforçar valores cristãos.
E mostrar aos filhos a importância de se manter fiel às convicções, mesmo que isso signifique ir contra a maioria
“Não siga a maioria quando ela faz o que é errado.” (Êxodo 23.2a)
Para finalizar, algo que quero deixar bem claro é que não há problema algum em comer bolo de fubá ou canjica, e todos nós cristãos podemos desfrutar destas comidas.
Contanto que seja dentro de casa e fora de quaisquer contextos da festa junina (caso queira comer fora de casa).
“Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos.” (Atos 15.29a)
E então, o que achou da nossa reflexão sobre a festa junina e a fé cristã? Esperamos que este artigo ajude você a tomar decisões que honrem a Deus.
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