A MODA NA MÍDIA, UMA FICÇÃO

Desde o final dos anos 50 a moda se forma tanto em sua indústria e na mídia, como nas ruas. A multiplicidade de estilos entra em voga, “o rádio, a TV e a imprensa, entre outros meios, têm operado uma grande explosão e a consequente multiplicação das concepções de mundo.”(Droguett, 2002:25). A mídia e a moda se unem na exaltação da diversidade, exercendo influência uma sobre a outra e se subdividindo, procurando atender a públicos específicos.

A moda, como a mídia, também provoca diversos efeitos, convidando as pessoas para troca de sua realidade por uma “outra realidade” criada através de novas roupas. Tanto a mídia quanto a moda passam a tomar parte importante na nossa sociedade, tornando-se omnipresentes, estimulando o consumismo como a única forma de “fazer parte da ficção”, transformando-o na base da cultura contemporânea.

Em alguns momentos de lucidez paramos e questionamos, afinal o que há de extraordinário em alguns estilistas que não tem em outros? Essa “eleição” que a mídia estabelece em detrimento de outros nomes desconhecidos, nos remete à fábula “A roupa nova do rei” de Hans Christian Andersen, que conta a história de um rei muito vaidoso que contrata dois tecelões-trapaceiros que dizem fazer um tecido que somente as pessoas dotadas de inteligência conseguem enxergá-lo.

Depois de “confeccionar” as roupas com tal tecido, o rei as “veste” e desfila por sua cidade, onde todos comentam que “a roupa nova do rei” é linda, com medo de serem difamados. Até que uma criança grita que o rei está nu, e o rei muito constrangido se retira temporariamente em seu castelo até que o povo esqueça o ocorrido.

Acreditamos sobretudo, nos jornalistas de moda como se fossem os únicos conhecedores da área, entendendo de estética, qualidade do produto e funcionamento da moda. Nos fazendo crer na legitimidade de suas palavras e na existência de apenas alguns nomes no comando da moda mundial, como se ela se formasse somente dentro dessas empresas.

A mídia, com suas matérias passageiras e superficiais, preocupação estética e “jornalistas-grifes” também virou objeto da moda, se valendo do efeito econômico no qual é favorecida, se tornando tão efêmera quanto aquilo que representa (Lipovetsky, 2003:205-213). A indústria da moda, seguindo as exigências da mídia, tem ressaltado apenas seus nomes mais auspiciosos e ostentosos através de verdadeiros espetáculos.

E nós, espectadores, nos deixamos enganar por essa ficção, que é mais admirável do que a realidade, portanto mais prazeroso vive-la. Apesar de um certo inconformismo e de um não entendimento, continuamos dizendo enxergar o que foram aclamadas como as “lindas roupas novas dos reis das passarelas” e não permitimos que os nossos olhos e sentimentos aclamem o que realmente nos toca. Afinal é preciso ter a sinceridade de uma criança para ousar desagradar a mídia, porque suas consequências são assustadoras. É como ir contra a nossa natureza de “ser social”, pois significa estar sozinho no mundo.



O jovem de hoje é aquilo que o capitalismo sempre sonhou, ou seja, está dentro de uma das formas criadas pela indústria cultural para ser considerado normal. E a mídia tem um papel fundamental, pois, armada com a propaganda e o marketing, impõe diversos contravalores e faz disso uma falsa oportunidade para ele “ser feliz”.

Para ser valorizado, o jovem tem de estar na última moda, ter um corpo atlético e ser aceito em sua turma. Se ele não tem o tênis da moda, o corpo cheio de curvas ou é introvertido, é simplesmente deixado de lado, esquecido. Parece que, para ele se sentir incluído, precisa ter certo poder aquisitivo para consumir, para que percebam sua existência, como se isso fosse uma senha de reconhecimento.

Com o poder de influência que a mídia possui, não impulsiona os jovens para os valores que mantêm sua dignidade, porque se eles tomassem consciência do quanto são manipulados, o mercado não teria para quem vender seus produtos. O jovem é mais poroso, mais hedonista, mais “presenteísta”.

Para ser um bom consumidor, precisa estar aberto às influências e ser imediatista. Por isso, é o alvo perfeito do consumismo. A mídia captura sua vontade para que ele consuma uma falsa identidade, operando no desejo e, sobretudo, no inconsciente.

A que ponto chegamos?

Em uma fase da humanidade em que se diz existir a liberdade de escolha, a mídia manipula a mente dos jovens para que estes comprem o produto do anunciante que pagar mais. E vai mais além, tornando isso uma regra, um código de conduta e inclusão. Censura não é a solução, mas conscientização é a palavra. Deve-se mostrar ao jovem que ele não precisa de tudo o que é anunciado e fazê-lo perceber que a inclusão em um grupo não deve depender de aquisições da moda e, sim, da afinidade de gostos e idéias. Idéias próprias, não as concepções pré-fabricadas da TV.



A perigosa epidemia do culto ao corpo

O índice de desinteresse chega a 43%. O que é pior: para aqueles mais informados sobre o tema, 60% deles adquiriu esse conhecimento por meio da mídia e apenas 33% dos recebeu informações passadas por meio de profissionais de saúde e professores.

Mesmo assim, comportamentos alimentares inadequados continuam dando audiência. Termos, como bulimia ou anorexia se tornaram bem conhecidos da população.

Chamam a atenção das pessoas pelo lado trágicos das vidas que se desorganizam progressivamente, envoltas em uma relação estranha entre as frustrações e o consumo de alimentos, com uma auto-imagem corporal sempre fora dos padrões almejados.

“Geralmente, há muito sofrimento na pessoa que come exageradamente ou no estranho e mórbido prazer de alguns em passar dias sem comer”, reconhece a endocrinologista Ellen Simone Paiva, do Centro Integrado de Terapia Nutricional.

Uma questão importante que deve ser esclarecida, principalmente para as adolescentes, na advertência da nutricionista Amanda Epifânio, é que o álcool gera sete calorias por grama.

Quando comparado com os carboidratos, que apresenta quatro calorias por grama, esta não é uma troca inteligente.

“Constitui-se em um equívoco pensar que consumir álcool em excesso elimina a possibilidade de engordar”, observa.

Pior ainda, o consumo de bebida alcoólica em situações de jejum causa sintomas muito desagradáveis decorrentes da hipoglicemia, a queda dos níveis de açúcar no sangue.

“Esse distúrbio se manifesta como mal estar intenso, torpor, sudorese excessiva, palpitações, tremores e tonturas, podendo chegar ao coma causado pela falta de glicose cerebral”, observa a nutricionista.

Métodos inadequados

Acredita-se que na sociedade ocidental, entre 9% e 22% das adolescentes lançam mão de comportamentos alimentares inadequados com o objetivo de perder peso.

Esses comportamentos estão associados com desnutrição, retardo no crescimento, retardo na maturação sexual e sintomas de transtornos mentais como depressão, ansiedade, fadiga crônica e maior risco de desenvolver transtornos alimentares propriamente ditos.

“Além disso, há uma associação entre práticas inadequadas de dieta com outros comportamentos de risco como tabagismo, abuso de álcool e de drogas, delinquência, comportamento sexual precoce e de risco e tentativas de suicídio”, descreve Ellen Paiva.

É mesmo muito preocupante o grau de insatisfação corporal entre os adolescentes do mundo. Mais de 25% dos meninos e cerca de 50% das meninas desejam perder peso, incluindo estatísticas de povos orientais.

Psicologia – A anorexia e o culto ao corpo

Assustador. Essa é a palavra que me vem à mente quando penso na morte dessas três jovens brasileiras nos últimos meses por anorexia. Chega a ser irônico, no país da fome, morrer por se recusar a comer. Mas essa recusa à alimentação, está muito aquém de um não querer comer. Não se trata de uma escolha voluntária, uma simples decisão.

A anorexia nervosa é uma doença, e como tal, possui uma série de criterios-diagnósticos, como a recusa em manter o peso corporal mínimo aceitável para a idade, um intenso medo de engordar, a percepção distorcida da forma do corpo e a amenorréia (ausência de fluxo menstrual). Existem ainda dois tipos de manifestação clínica desta doença: a anorexia nervosa do tipo restritivo, que diz respeito ao indivíduo que apresenta apenas comportamentos restritivos ligados à dieta, e a anorexia nervosa do tipo purgativo, quando além da restrição alimentar, há episódios de compulsão alimentar e de comportamentos do tipo purgativo, como vômitos auto-induzidos

Fica então um alerta para todos nós: a anorexia nervosa é uma doença grave, não apenas do corpo mas também de caráter psicológico e tem tratamento multidisciplinar. O paciente deve ser acompanhado por um médico, um psicólogo e um nutricionista, e por mais quaisquer profissionais que possam contribuir para o tratamento e a cura da doença.


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